Só chego depois do Louvor

  • 13/03/2024

Louvor e Adoração

Tenho observado há um tempo, que o título que dei a este artigo, “Só Chego depois do Louvor”, é uma realidade em muitas de nossas igrejas. Quando não chegam depois do louvor, muitos permanecem mudos e apáticos durante o louvor. E acredite: muito deste título, tem a ver com um botãozinho chamado volume.

Gostaria de fazer algumas observações sobre o contexto musical nas igrejas de hoje, principalmente na ministração do louvor e adoração.
Não sou músico de formação, mas já vivi da música cristã, então eu sou mais ouvinte, mais observador do que técnico. Vou escrever de maneira genérica, pois há muitas exceções. Então, se o texto não reflete a sua realidade, bênção, mas se você vivencia esse cenário, pense na possibilidade de re-conceituar, re-trabalhar o que acontece na sua igreja, na sua ministração.

Entendo que um texto pode chegar a pessoas de várias idades e fases da música na igreja. Para os que se converteram nos últimos dez anos, provavelmente, não entenderão o porquê deste texto, pois ingressaram na igreja dentro de um modelo de ministração atual.

O ideal é que o louvor “agrade” a todos, pois há na igreja uma diversidade enorme de pessoas, com inúmeras necessidades espirituais, mas é possível suprir a todos quando a ministração do louvor é bem pensada e trabalhada para atingir a vida de todos que estão ali no auditório.

Quero só conceituar o que é ministrar.

Ministrar é na sua essência ensinar.

No contexto da igreja, do louvor e adoração, aquele que ministra, vai ensinar ao seu público, vai ensinar a cada pessoa o que é o louvor, o que é adoração e como podem fazer isto a Deus. Vão ensinar as pessoas a entender o que ela está declarando a Deus através da música que está sendo ministrada. O ministro de louvor, e todos que estão ali no palco para ministrar, estão ali para conduzir o auditório ao louvor e à adoração através do seu espírito, coração, mente e de suas vozes.

E a questão do volume que mencionei no início, é o seguinte.

Até tempos atrás, no palco o volume estava no 5 e no auditório o volume estava no 10. Você ouvia o povo louvando. Vejo em muitas igrejas que o posicionamento dos volumes se inverteu: no palco o volume está no 10 e no auditório o volume está no 5 e baixando a cada domingo. Passo por muitas igrejas em que eu não consigo me ouvir na hora do louvor e observo que muitas pessoas não se ouvindo, não cantam. A questão do volume alto, acredite, é um fator problemático dentro e fora das igrejas, pois além dos membros das igrejas reclamando, os vizinhos têm reclamado e até denunciado.

Pergunto a você, que está na escala do louvor, que está no palco: você está ali para ministrar ou para louvar?

Vou colocar aqui bem entre aspas: “você não está lá no palco para louvar e adorar”; você está ali para ministrar, para servir os irmãos e ensiná-los e levá-los a adorar. Fazendo um comparativo, o ministro de louvor e todos que estão no palco são como se fossem um técnico de futebol: o técnico não joga, mas ensina os jogadores a melhor forma de jogar e vencer o adversário. Você que ministra é como o maestro de uma orquestra: você não toca nenhum instrumento, mas leva os instrumentistas a tirarem a melhor interpretação de cada instrumento e juntos obterem a melhor e mais linda harmonia. E é claro que, quando você vê o auditório todo louvando, você também louva e adora.

Quero passar algumas observações de um ouvinte, de uma pessoa que quer louvar, mas que quer se ouvir louvando. Só mais um comentário. Recentemente fui a uma igreja que além de não me ouvir cantando, louvando, de tão alto que estava o volume do palco, que quando o louvor terminou e o pastor foi ministrar a mensagem, o microfone dele estava tão baixo que não se ouvia a mensagem e assim ficou durante toda a pregação.

Deixo algumas indicações:

  1. Mixagem de show, de apresentação é uma, mixagem de louvor e adoração é outra. O palco está a serviço do auditório para que eles louvem.
  2. A mixagem dos instrumentos tem que estar equilibrada e harmônica entre eles. A pessoa do som, o sonoplasta é importante para buscar a melhor equalização; ele é um ministro também, faz parte do conjunto, mas também precisa deixar “seus gostos” de fora na hora do mixar o som. Já estive em igrejas em que o sonoplasta gosta muito de baixo e bumbo; o templo tremia. Valorize o seu sonoplasta, ele é muito importante.
  3.  Outro detalhe que observo no palco, é que ali tem uma “briga” pelo volume entre vocal e instrumental. Por vezes, ouço os dois no volume 10, ou o instrumental, mais alto que o vocal, sendo que o instrumental está ali a serviço do vocal. Lembrando, que o “produto” da igreja é a mensagem, a palavra; se essa mensagem transmitida não é ouvida para louvor e edificação, perde-se a finalidade da mensagem, seja ela cantada ou falada.
  4. A potência dos amplificadores não é só para ter volume, mas o principal é obter qualidade de som.
  5. A tendência é que mais e mais igrejas transmitam seus cultos, suas programações pela internet. Há igrejas que já dominam bem isso, mas para quem está começando, ouça, veja bem o que você está transmitindo. Peça ajuda para que alguém ouça e veja pelo celular e no computador, o está chegando para o ouvinte, pois ali na mesa de som pode estar tudo ok, mas no celular e computador pode estar chegando apenas um canal ou uma mixagem muito desbalanceada.
  6. Ainda sobre a transmissão e sobre o momento da ministração do louvor, coloque um microfone ou mais, para captar a igreja louvando e jogue na internet, para que quem estiver ouvindo ou assistindo possa se sentir inserido no auditório, contagiado e motivado a também louvar e adorar, mesmo sentado lá no seu sofá.
  7. É fundamental que aqueles que estão ministrando, vocal e instrumental, conheçam bem a letra da música que está sendo ministrada. Verifiquem se a teologia está correta. Ministrem boas músicas em que as letras exaltem ao Senhor e transformem vidas.
  8. Por vezes, numa música nova ou que a letra chame para um compromisso sério com Deus, sugiro que apenas os que estão ministrando cantem uma vez sem o auditório e peçam que as pessoas prestem atenção na letra para verificar se eles querem assumir aquele compromisso com Deus; e, na sequência, todos cantem juntos.
  9. Se possível, procure harmonizar, “casar”, as músicas de todo o culto com a palavra a ser ministrada pelo pastor.
  10. Não existe música nova ou velha; música é atemporal, principalmente quando valorizamos o seu conteúdo. O que pode ser feito muitas vezes é dar uma “roupa nova” para ela, mudar o andamento, fazer um novo arranjo.
  11. Prestigiem os autores e ritmos brasileiros. São tantos espalhados pelo nosso Brasil e que entendem o nosso contexto cultural, social, espiritual, mas não são valorizados e aproveitados. E Deus nos concedeu tantos ritmos.
  12. Programe, por vezes, o período de louvor tendo apenas uma pessoa ministrando e sendo acompanhada pelo violão ou piano. Tenho certeza de que vocês terão surpresas.

Que questões técnicas, como do volume do som, não sejam motivos que levem as pessoas, nossos irmãos, a chegarem ao culto só depois do louvor. Louvor perfeito só teremos quando chegarmos ao céu. Ali o grande e eterno coral será formado e seremos ministrados por aquele que nos criou e salvou. Enquanto este dia não chega, vamos “ensaiando” o melhor que pudermos aqui. Que Deus seja sempre louvado de todo o coração, de todo entendimento, pelo palco e auditório, de forma equilibrada e harmoniosa.


Beto BarrosBeto Barros – é expositor comercial da Publicações Pão Diário, membro do conselho fiscal da ASEC – Associação de Editores Cristãos – Fez parte da Banda Actos, VPC (Vencedores Por Cristo) e MILAD  – @betobarros59

Autor: Beto Barros